30 agosto, 2009

O rapaz índigo...


...não era daqui. Vivia numa nuvem, bem lá no alto do céu. A princesa dos olhos dele tinha uma casa numa estrela. Não tinha paredes de tijolo nem telhado de telhas. Era de imaginação. O rapaz índigo tinha um coração de vento. A princesa dos olhos dele tinha um coração de sonhos. O rapaz índigo sonhava com o amor. Não passa o vento nas estrelas. O vento é da terra. A princesa dos olhos dele não sonhava, mas conseguia imaginar que força fazia mover as nuvens. À noite, deitado na sua nuvem, o rapaz índigo ficava a olhar as estrelas. A estrela da princesa dos olhos dele brilhava, agora, nos seus olhos. Via o coração dela cheio de sonhos, que eram de imaginação. Rendido aos seus encantos, desejou mostrar-lhe a força que fazia mover as nuvens. Abriu o seu coração de vento, mas o vento é da terra e não passa nas estrelas. Então, fez muita força, tanta força que as nuvens chocaram e houve um grande trovão. A princesa dos olhos dele estremeceu e caiu. Os sonhos de imaginação pairavam agora sobre a terra. De manhã, ao perceber que nunca mais aquela estrela iria brilhar, o rapaz índigo chorou. Eram lágrimas de rapaz índigo a cair sobre a terra. É por isso que o mar é azul.

MariaPapoyla 

29 agosto, 2009

Vou...


...pintar com um pincel de todas as cores
Uma rua perdida
Sentir todos os cheiros, todos os sabores
A saudade esquecida
Eu sei que vou encontrar um novo abrigo
Passa o rio pela ponte
E por esta estrada o meu destino eu sigo
Vou desaguar numa fonte

Talvez eu vá chegar mais cedo ao encontro
Do que estava previsto
As torradas estão ao lume, o café está pronto
Vou ficar, eu insisto
Será do teu olhar, desse jeito encantador
Que me embala e adormece
Conta-me histórias e vem ter comigo ao sol-pôr
Vem ouvir a minha prece

Conta-me baixinho para não me acordar
O segredo que é só nosso
Fica comigo, abraça-me, vamos sonhar
Sozinha eu não posso
Quando eu sair daqui quero ir contigo
Se voltar quero te ver
Quando fugires de mim fica comigo
Dá-me um novo amanhecer

MariaPapoyla 

24 agosto, 2009

Escondo...


...atrás de um sorriso
As lágrimas que querem escorrer; 
Já nem sou capaz de fazer 
Aquilo que mais preciso. 

MariaPapoyla

07 agosto, 2009

Há um lugar...


...para lá do rio
Em que o vento sopra e não faz frio  
Onde posso andar de cara lavada
E ser como sou sem que se levante uma espada
É um lugar onde nasce o sol
Onde a brisa soa como uma clave de sol
Onde dou asas à imaginação  
E vivo ao ritmo da minha pulsação

Quero ficar neste lugar
Neste mundo, neste presente  
Encruzilhar o medos
Soltar os segredos
Numa canção
Eu vou ficar neste lugar  
Neste mundo, aqui para sempre
Parar o tempo  
Guardar este momento  
Na palma da minha mão

MariaPapoyla 

03 agosto, 2009

Sinfonias...


São como bolas de sabão 
Imensamente dispersas  
Nunca colidem  
Fazem bater o coração 
Ostentam promessas  
Nunca desiludem  
Ilusões de que me fiz poeta 
Amanhece quando o sol se deita 

MariaPapoyla

01 agosto, 2009

Já me disseram...


...que nunca é tarde, e no entanto, hoje, parece que o tempo acabou. A esperança está por um fio. Sinto-me num beco sem saída onde já não há volta a dar. De volta aquela sensação estranha de ter ganho todas as batalhas, chagar ao fim e perder a guerra.

Sinto: por muitas velas que acenda, nunca vão substituir a estrela que se apagou. Ou talvez nunca tenha existido, talvez tenha sido só eu a imaginar. Talvez ainda lá esteja, e eu não a consiga ver.

Sei: não posso voltar atrás e começar tudo de novo. Vou começar agora e fazer um novo fim.

Espero: quando a tempestade passar, voltar a ver a luz dessa estrela (que me mostre o caminho de volta).

MariaPapoyla