23 setembro, 2011

E lá andava...


...vagueando pelas ruelas, sozinho. Vigiava a noite e tomava conta das estrelas. Zelava pelo silêncio aparente. E voltava, de manhã, para o seu posto de duende-de-jardim. Eram assim todas as noites. Eram assim todos os dias.

E lá andava vagueando pelas ruas, sozinha. Contemplava o dia e cuidava das flores. Pintava o mundo com as cores da manhã e da tarde. E regressava, ao pôr-do-sol, para o seu lugar de candeeiro de jardim. Eram assim todos os dias. Eram assim todas as noites.

Duas vidas descruzadas no tempo, dois destinos opostos, percursos em nada iguais. Por muito perfeito que poderia parecer imaginá-los a partilharem as suas histórias de vida, não aconteceu. Não se cruzaram os olhares, não se trocaram as palavras, não se deram as mãos... Cada um seguia o seu caminho, e cada um haveria de encontrar em tempo certo, e com o mesmo destino, aquele com quem percorreria o caminho.

MariaPapoyla

16 setembro, 2011

Hoje é o dia...


...em que eu perdi. Perdoa-me se é egoísmo, mas parte-me o coração quando te vejo sofrer, e dói, como se toda a dor do mundo me esmagasse contra o chão, quando vejo que estás bem... sem precisares de mim.

MariaPapoyla

12 setembro, 2011

Estou de passagem. Dentro de em breve...


...partirei. Vim deixar-te um beijo. O meu lugar não é aqui. Eu não te pertenço. Tu não me pertences. Somos livres um do outro e livres de todos os lugares do mundo. Deixo-te um beijo. Vou lembrar-me de ti em cada lágrima e quando as lágrimas estiverem gastas vou lembrar-me ainda até que um dia, eu sei, tudo isto vai passar, porque tudo é efémero. É efémera a vida e é efémero o amor. Não sei se é mais efémera a vida ou o amor. Mas sei que tudo passa depois das lágrimas. Estou de passagem. Vim deixar-te um beijo.

MariaPapoyla

10 setembro, 2011

Era mais do que a vida...


...lhe podia dar. Mais que os sonhos pudessem significar. E nem que fizesse todo o esforço do mundo conseguiria aguentar. Na corda bamba. Sempre na corda bamba. Sem vara nem rede. Uma orquestra de vozes monocórdicas a zoarem-lhe aos ouvidos. Um pé em falso. Um trapézio instável. Um balanço errado. Os tambores a ditarem o fim. E num instante, apenas num instante, calaram-se as vozes e o trapézio ficou vazio.

...

E as mãos tomaram de firme o que baloiçava em frente, o rosto ergueu-se e o público aplaudiu. O público levantou-se e aplaudiu o salto de coragem.

MariaPapoyla

A perfeição...


...o que é para ti?

Perfeição é olhar o mar,
Contar as estrelas,
Contemplá-las ao luar
Sem sequer vê-las.

É não ter nada,
E no nada que temos
Sermos a pessoa amada,
E tudo o que de nós demos...

E saber que não estamos sós
Sem olharmos em redor.
Termos uma história que em nós
Sabemos o final de cor.

Perfeição é dar-te a mão,
Sussurrar-te ao ouvido.
E quando há de perfeição
Em tudo que tenho vivido!

MariaPapoyla

03 setembro, 2011

Ontem não vieste. Esperei...

por ti, mas não vieste. Não sei de ti. Às vezes nem sei quem és. Disseste que vinhas mas não vieste, como sempre. E eu esperei.

O amor é muito difícil. Dói. Mói. E dói. Mói porque se sobrepõe à minha racionalidade. Dói porque não me deixa ser livre. Quero afastar-me mas não consigo, gosto de ti e não consigo. Quero deixar de pensar em ti e quando tento odeio-te em pensamentos, e pergunto-me sempre se tudo isto vai mudar, e no fim amo-te. Eu quero tanto que a nossa história mude e que seja uma história só nossa, apenas tu e eu, nós, mas tu não vens e eu sei que estás lá. E sei que não sou eu que estou contigo. São tantos os obstáculos! É difícil. E dói e mói, dói, mói. E dói. Dói tanto. E ainda assim acredito, porque não sei deixar de acreditar, que tudo isto vai passar. Acredito que nenhuma lágrima escorre em vão. Tu não sabes, não fazes ideia das lágrimas que escorrem quando estou aqui, sozinha. As lágrimas. As lágrimas vêm da mágoa, de tentar esquecer as coisas que me magoam. Limpa-me as lágrimas. Abraça-me. Eu preciso, quero e acredito. Não me faças esperar todos os dias por aquilo que não me dás. Estende-me a tua mão. Ajuda-me a levantar. E fica. Não vás embora mais uma vez... Não vais ficar. Eu acredito que isto vai mudar mas no fundo eu sei que não vais ficar. Eu sei que vais embora mais uma vez.

E se um dia eu deixar de esperar?

MariaPapoyla

No abismo...


...do seu coração ela não sabia para que lado poderia recuar. Estava escuro e já não reconhecia os recantos onde guardava as recordações. A recordação de um abraço que a pudesse segurar naquele momento. Estava insegura e não sabia onde a levariam os seus passos hesitantes. Estava apaixonada e tinha medo do que iria acontecer depois.

MariaPapoyla